Num dia lindo, tarde ociosa, bom passear pelo centro histórico de Porto Alegre. Batendo perna na Andradas, depois de uma visita ao Memorial da antiga Livraria do Globo e a tentativa emocionada de recriar a imagem e a atmosfera de tempos tão idos (em meio a araras, manequins e som tecno), uma entrada na Paulinas mais adiante.
Lá encontrei um livro doce, terno e delicado chamado Amores de artistas. O livro de texto breve escrito por Sonia Rosa, que recebeu o selo Altamente Recomendável da FNLIJ em 1998, narra a vida de três amigos, Maneco, Dunga e Nando, que amavam fazer versos, pintar e cantar. A paixão que aflora por Isadora, Flora e Dora só faz aumentar o exercício da arte para extravasar tanto amor. O tempo passará, as meninas não voltarão, mas entre eles se criará uma amizade indestrutível, e a saudade daquelas meninas e daquele tempo será para sempre inspiração na arte dos três amigos.
As lindas ilustrações de Odilon Moraes enriquecem o texto com muita delicadeza e sensibilidade, criando uma atmosfera de um tempo e um lugar de liberdade, beleza e ritmo sereno, onde as crianças nas suas bicicletas são as donas das ruas e donas do mundo - livres para fantasiar, amar, sonhar alto, fazer arte. Liberdade hoje infelizmente escassa, mas fundamental para nutrir a liberdade de espírito, de sonho e de arte.
Ah, essa nostalgia entranhada no meu ser... Não tem jeito.
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