terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Até os 3 anos, só livros-brinquedo?


Quem é mais familiarizado com os setores infantis das grandes livrarias, já sabe: nas estantes dedicadas às crianças de até 3 anos, a gente só encontra livros-brinquedo. Aqueles livros com músicas, abas e pop-ups, ou então de plástico ou tecido, que não rasgam e sobrevivem a todo tipo de incidente...

Não que não seja válida a organização física dos livros por faixas etárias (ainda que qualquer classificação seja sempre arbitrária). O que me entristece é quando, nas minhas andanças e fuxicos por esses espaços, percebo que os vendedores indicam diretamente os livros-brinquedo quando alguém pede a sugestão de um livro para crianças de 2 ou 3 anos. Muitas vezes, os próprios pais e avós vão reto para essas estantes.

Longe de mim querer desmerecer os livros-brinquedo, que muitas vezes são bacanas, bem bolados, bonitos e atraentes - e certamente válidos para aproximar o bebê do mundo dos livros (embora muitas vezes não sejam bem bolados e pequem por uma linguagem bem rasa, como se o que importasse fosse apenas a imagem e o ruído. O texto? Chama qualquer um para escrever...). Mas uma criança de 2 ou 3 anos (e mesmo de 1) que é estimulada a buscar os livros, que ouve histórias, que tem o exemplo dos pais, irá gostar e aproveitar muito também os livros indicados para 4 anos, 5 anos e até além.

Era uma impressão que eu já tinha, e que se tornou convicção a partir da minha experiência pessoal como mãe de um pequeno e ávido leitor, que acaba de completar 2 anos. Seus livros preferidos não são os livros-brinquedo! Ele também os tem e gosta deles, mas aqueles que ele adora e me pede para contar inúmeras vezes são outros: "A velhinha maluquete" da Ana Maria Machado, "Que alegria" do Celso Sisto, "Pedro e a lua" de Alice Briere-Haquet, "Eu e meu papai" de Alison Ritchie, "Olivia" de Ian Falconer, "Ou isto ou aquilo", da Cecília Meireles, "Platão" e "Sócrates" da Coleção Filosofinhos, além de diversos livros do Ziraldo.

Alguns textos a gente pode manter intactos na leitura, sem prejuízo de nossos pequenos ouvintes, que (surpresa!) permanecerão atentos e curiosos a cada palavra. Outros, mais longos, talvez precisem de uma certa adaptação da linguagem ou uma sintetizada (ainda que eu prefira evitar mexer no texto alheio). De qualquer forma, sem dúvida eles enriquecerão o mundo imaginativo da criança de um modo ainda mais intenso e significativo. Fica a dica!

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